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| A Colheita no Distrito 12 | |
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Wallace McQueen Admin
Mensagens : 778 Data de inscrição : 25/09/2014 Localização : Capital Jogador : Állan
| Assunto: A Colheita no Distrito 12 Qui Set 25, 2014 6:35 pm | |
| A Colheita no Distrito 12A Colheita então tem seu início. Depois de inscritos, todos os jovens entre 12 e 18 anos se dirigem para seus lugares. Todos os garotos e as garotas do distrito estavam ali. Todos separados por idade. Muitos deles estavam nervosos, alguns até choravam.
O vitorioso do distrito estava sentado ao lado do Prefeito. David Green.
Depois do discurso do Prefeito, uma representante da Capital chega para dar início ao sorteio. Ela veste roupas estranhas e tem seus cabelos tingidos de uma cor muito artificial. O filme trazido direto da Capital começa a rodar, e quando o mesmo termina, a mulher histérica e de aparência artificial começa seu show.
- Chegou a hora de selecionar os nobres e corajosos tributos que terão a honra de representar o Distrito 12!Tributo do Distrito 12!
Você deve postar nesse tópico, narrando quando chegou, assistiu ao filme e viu tudo acontecer. Mas atenção! Você irá narrar apenas a sua entrada, o tributo será selecionado por mim, então não deve mencionar que se voluntariou ou foi selecionado, narre apenas que você está presente no local. O que sente. | |
| | | Luna Lewis
Mensagens : 31 Data de inscrição : 29/10/2014 Localização : Distrito 12 Jogador : Natalia
| Assunto: Re: A Colheita no Distrito 12 Qui Jan 08, 2015 9:06 pm | |
| Luna Lewis O sol começa a mostrar seus primeiros sinais e eu ainda estou acordada. Tentei dormir mas fantasmas do meu passado resolveram dominar meus sonhos, tornando-os pesadelos infinitos. Resolvo levantar e fazer o café da manhã, desta vez, apenas para minha mãe e eu. A ideia de cozinhar para poucas pessoas me deixou um tanto triste e muito preocupada, porém, sabia que esses sentimentos deveriam estar mais ligados com a Colheita. Pensei nos rostos que alimentamos toda manhã, e na chance de perdemos dois para os Jogos. Era certeiro, quase como uma regra, sempre perdíamos.
Fui até os fundos da casa, onde uma pequena plantação que cultivei se erguia e fazia toda nossa vizinhança se fortalecer todos os dias. Enquanto pegava os ingredientes, o que eu estava tentando disfarçar em minha mente vem a tona: meu nome no papel sorteado. Ir para a Arena. Sangue em minhas mãos. Esperava muito não ser escolhida e tentando esquecer, segui com a receita. Assim que terminei, lembrei de deixar um bilhete avisando minha mãe de que vamos passar uns dias sem ovos no almoço porque as duas galinhas do Nicolas não estão botando por três dias. Deixei escrito porque falar esse tipo de coisa em pleno dia da Coleita poderia deixar minha mãe mais triste. Fora que haveria mais coisas escritas, as coisas habituais que eu fazia, cartas dizendo o quanto eu amo todos inclusive ela, e pequenos bilhetes espalhados, tudo para o caso de que fosse para os malditos Jogos.
Toda papelada já tinha virado tradição, que eu fazia há três anos. Era algo que não pudia deixar para trás. Só depois de fazer isso que eu fui comer, e lágrimas começaram a cair no meu rosto. O passado, a facada, a promessa. Não quero que nada se repita. Em meio a lembranças, escuto o barulho de passos e enxugo rapidamente nos olhos. Minha mãe chega, dando um pequeno abraço e sentando logo em seguida.
- Qual o cardápio hoje, mademoiselle? - Sua voz falhou em meio a sua habitual frase. Sabia que estava sendo mais difícil para ela, do que era para mim, o dia de hoje. Me perder era algo que ela jamais superaria. Ela sempre dizia que "A ordem natural é a filha enterrar a mãe. Não o contrário, não como eles fazem."
-Mãe, não precisa se preocupar. São tantos nomes! - Segurei a mão dela. - Eu sempre vou estar no seu coração, não se esqueça disso. - A fitei, e ela pareceu se deixar levar pelos argumentos. Assim ela soltou minha mão e começou a comer. Fiz sinal para a minha roupa e imediatamente ela compreendeu que ia me trocar.
Procurei pelo vestido lilás que usava apenas em situações como essa. Era o único sem nenhuma mancha de comida e que cheirava a flores, já que os outros eu lavava com o sabão estranho que era parte do meu pagamento com o curandeiro. Em poucos minutos, estava pronta e ao sair, vi que minha mãe também. Dei um abraço demorado nela, dizendo baixinho que a amava e que nada iria acontecer. Assim, saímos e demos de encontro com o Nicolas, que ia com a sua doce irmãzinha Beatrice. Sorri para os dois e vi que a pequena estava a beira de uma crise de choro. Afinal, aquela seria sua primeira vez.
- Bea, pode ficar tranquila, nada vai acontecer, tá bom? - Ela assentiu e fiquei feliz ao ver aquele sorrisinho tímido nos lábios dela.
Ao chegarmos, me despedi mais uma vez de minha mãe e também dei um grande abraço em Nicolas. Voltei para a Beatrice e assim que ela disse adeus a seu irmão, entramos na fila para furar o dedo. Pareceu séculos mas finalmente chegou a nossa vez. Doeu um pouco, mas nenhuma de nós demonstrou.
- Vamos ter que nos separar agora? - ela disse, em um tom baixo.
- Infelizmente sim, mas saiba que se seu nome for escolhido, eu farei de tudo para te tirar de lá. - Sem dar chance dela responder, dei um abraço e logo os Pacificadores já estavam nos separando e nos encaminhando para o devido lugar.
A cerimônia começa. Uma mulher de cabelos curiosos, vestida toda de verde e vermelho, parecendo mais uma árvore de natal ambulante, aparece muito contente. Não prestava atenção no que ela dizia, e sim, no sotaque forte da Capital. Pensei em minha mãe e todas as nossas imitações, o que amenizou a guerra que se encontrava em meu estomago. Depois de um tempo, o prefeito apareceu e fez o seu longo discurso, o mesmo de todos os anos. Às vezes, quando acordava de noite, podia escutar a imitação que o Nicolas fazia do falatório. Uma vez ele falara que isso era um hábito para que ele pudesse vencer a insônia. Ah, como gostaria de sair daqui e poder dizer para ele o que eu sentia. Mas os nossos nomes estavam naqueles potes ridículos e poderíamos ser escolhidos.
Finalmente, a moça volta e o filme começa, conseguindo ser mais chato do que as palavras de nosso prefeito. No final, estou tão nervosa que seria capaz de gritar por horas. A mulher limpa a garganta e diz:
- Chegou a hora de selecionar os nobres e corajosos tributos que terão a honra de representar o Distrito 12! | |
| | | Lucio Pharrel
Mensagens : 11 Data de inscrição : 26/11/2014 Localização : Distrito 12 Jogador : Jessie
| Assunto: Re: A Colheita no Distrito 12 Sex Jan 09, 2015 4:37 am | |
| Lucio Pharrel lO frio na barriga não me deixou dormir. Cochilei por um tempo, despertei antes mesmo de o sol raiar, porém não me levantei. Fiquei deitado, olhando para o teto, tentando esvaziar a mente, mas não consegui. Tenho dezoito anos. Desde os meus doze venho tentando não sentir medo de ser chamado na colheita, mas não consigo evitar. O mesmo frio na barriga que sinto agora nunca me deixou em paz até chamarem outros nomes na colheita. E esse é o ultimo ano que posso ser chamado. E se a sorte nunca esteve ao meu favor, e me enganou justo neste momento em que minha fraqueza esta maior? Olho para a minha irmãzinha, Lillian, que dorme na cama ao lado da minha, num sono profundo, com os belos sonhos de uma garota de 9 anos. Fico triste por ela, pois sei que daqui a uns anos ela terá o nome em um alguns daqueles papéis, e pode ser chamada. Mas fico ainda mais triste pois, se eu for chamado, ela vai sofrer muito. Lilian é muito apegada a mim, na maioria das vezes eu que a levo para a escola e a pego quando ela sai. Ela vai sentir a minha falta. Viro o rosto e deixo cair uma lágrima. Volto a olhar o teto. As imagens dos jogos anteriores invade minha mente. Se eu for escolhido, conseguirei fazer o que é necessário? Conseguiria eu viver com sangue nas mãos? Sangue. Morte. Destruição. É tudo o que os Jogos representam. Repressão é apenas um apelido para carnificina. Usar crianças é pura crueldade. Não consigo acreditar que os responsáveis conseguem deitar suas cabeças em travesseiros todas as noites e dormir, e no outro dia acordar e fazer o mesmo.
Decido me levantar e realizar os afazeres de todos os dias. Hoje tudo para. Não tem trabalho e nem escola. O mundo para. A colheita é a importância de Panem. E pela primeira vez, sinto pena dos cidadãos da Capital. O programa preferido deles é assistir crianças se matando. Repulsa e pena. É tudo o que eu sinto. Depois que termino de arrumar a casa, tento arranjar algo para fazer, então lembro que todos os anos são assim e me sento para tentar comer. E assim como todos os anos, não toco na comida. - Lucio? Me viro na cadeira e Charlotte, minha namorada, pouco mais velha que eu, esta parada na porta da cozinha. Me sinto envergonhado por ela me ver despenteado e suado, mas logo passa. Volto a pensar nos jogos. - Você não será chamado. Não teria tanto azar assim. - Ela diz, me abraçando por trás. - Se desde os doze anos você não foi chamado, a sorte esta a seu favor. Não irá te abandonar agora. E nem eu irei. - E beijou minha bochecha. Me viro e a abraço. - Charlie, não quero isso. - Digo, com a voz embargada. - É egoísta, mas não quero. Estou com medo. - Eu sei.
Meu pai e minha mãe fazem como todos os anos. Se arrumam, ajeitam o vestido de Lillian e mamãe tenta pentear o meu cabelo desgrenhado, em vão. Estou com uma calça caqui e uma camisa cinza. Simples, como minha família é. Seguimos para a praça principal. Como costume, as garotas e os garotos ficam separados. Me despeço de minha mãe, de Lilian e enfim, de Charlotte. Ah, como eu as amo. Peço à sorte com todas as forças para não me tirar delas. Papai fica junto a mim na parte dos garotos. Ouvimos uns tambores. Vai começar.
Algumas pessoas importantes estão sentadas lado a lado na Torre da Justiça do 12. O antigo vitorioso, o "sortudo", está sentado ao lado do prefeito, que se levanta abruptamente. Ele começa a falar no microfone, dizendo um estúpido discurso como todos os anos, e como todos os anos não escuto. Fico olhando por um tempo ao longe as mulheres da minha vida. De repente, sinto meu pai agarrar meu braço. O prefeito acabou o seu discurso. E então ele volta a se sentar, e uma representante da Capital, estranha e sem jeito, toma o seu lugar para dizer algumas palavras, e enfim solta o filme que conta a historia de Panem e de como os Jogos nasceram. De novo não presto atenção. "Sangue. Morte. Destruição". Isso pode fazer parte da minha vida em alguns minutos. Tento controlar a respiração. O filme termina. Enrijeço o corpo. O aperto do meu pai em meu braço se torna mais forte.A representante da capital solta uma risadinha e se apruma, em seguida solta a seguinte frase:
- Chegou a hora se selecionar os nobres e corajosos tributos que terão a honra de representar o Distrito 12! | |
| | | Wallace McQueen Admin
Mensagens : 778 Data de inscrição : 25/09/2014 Localização : Capital Jogador : Állan
| Assunto: Re: A Colheita no Distrito 12 Sex Jan 09, 2015 6:15 am | |
| O SORTEIO- Primeiro as damas!
A mulher então remexe os papeizinhos dentro do globo com seus dedos curtos, até que ela retira um deles de lá de dentro. Ela sorri para a platéia e faz um pequeno suspense antes de anunciar o nome do Tributo Feminino do Distrito 10 daquela Edição.
- Luna Lewis.
Todas as garotas respiram aliviadas, menos uma. Os Pacificadores a acompanham até o palco. A estranha mulher então se dirige até o globo com os nomes dos garotos e retira um papel. Assim como os das meninas, ela faz um pequeno suspense, mas logo anuncia o nome do Tributo Masculino.
- Lucio Pharrel.
Os Pacificadores o levam até o palco. Uma vez que seu nome foi chamado e ninguém tomou seu lugar, não há como voltar atrás.
- Se cumprimentem e bom Jogos Vorazes! Então a Colheita se encerra.
Tributos do Distrito 12! Descrevam qual foi o seu sentimento ao ouvir seu nome e o que sentiu no palco. | |
| | | Luna Lewis
Mensagens : 31 Data de inscrição : 29/10/2014 Localização : Distrito 12 Jogador : Natalia
| Assunto: Re: A Colheita no Distrito 12 Sex Jan 09, 2015 2:20 pm | |
| Luna Lewis -Primeiro as damas! - A mulher diz, e escuto gritos vindos das meninas menores. O nervosismo tomava conta de todas nós, fazendo com que nossas mãos se entrelacem, rezando para não sejamos nós ou ninguém que conhecemos.
Após um longo suspense, a moça abre o papel e o lê em voz alta: -Luna Lewis.
O som do meu nome nunca soou tão mortal. As meninas que estavam do meu lado soltaram as mãos e, ao me darem licença para passar, repetiam que tudo ficaria bem. O caminho em direção ao palco pareceu longo, e fui escoltada pelos Pacificadores. Tentei permanecer bem para quando minha mãe visse meu rosto, mas estava em estado de choque. Não conseguia descrever o que eu sentia, era como se tivesse uma pausa em todo meu corpo para absorver bem a ideia e enquanto isso, apenas meus pés se moviam e encontravam com a mulher da Capital.
Ela deu um grande sorriso, e então se virou para o pote dos meninos. Retirou um papel, se atrapalhou em abri-lo e disse em voz clara: - Lucio Pharrel.
Foi neste momento que dei uma olhada na 'platéia' e vi, o rosto de diversas pessoas que ajudamos nesses anos, totalmente preocupadas, inquietas, algumas chorando. Da parte dos meninos, tentei localizar Nicolas, porém tudo o que consegui ver foi o menino de cabelos encaracolados vindo para o palco. Nunca havia o visto, se tinha, não me lembrava. Logo quando ele chegou ao palco, ficou com o olhar perdido, provavelmente procurando a sua família. Eu, mesmo não querendo focar, observei minha mãe. Ela chorava e um grupo de pessoas estavam lhe confortando...
- Se cumprimentem e bom Jogos Vorazes! - a moça interrompeu meus pensamentos.
Olhei para o garoto e apertamos as mãos. O horror estava estampado em nossas faces.O sangue, que em breve estaria manchando nossos corpos, era o que eu mais temia.
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| | | Wallace McQueen Admin
Mensagens : 778 Data de inscrição : 25/09/2014 Localização : Capital Jogador : Állan
| Assunto: Re: A Colheita no Distrito 12 Dom Jan 11, 2015 3:47 pm | |
| A DESPEDIDADepois de se cumprimentarem, os tributos são levados para dentro do Edifício da Justiça. Dentro do prédio, eles são separados e colocados em cômodos, onde esperam para se despedirem de seus familiares e conhecidos.
Tributos do Distrito 12! Façam uma breve despedida com sua família e/ou amigos.
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| | | Luna Lewis
Mensagens : 31 Data de inscrição : 29/10/2014 Localização : Distrito 12 Jogador : Natalia
| Assunto: Re: A Colheita no Distrito 12 Dom Jan 11, 2015 4:53 pm | |
| Luna Lewis Um flash e minha vida estava mudada, ou pior, arruinada. Tentava manter a calma, mas, andava pra lá e pra cá dentro da sala, procurando palavras, tentando buscar um conforto. A porta se abriu e me deparei com minha mãe, aos prantos, que logo veio me dar um abraço. Cai no choro também, pensando que seria a última vez que a veria. Após alguns minutos, decidi falar:
- Mãe, tem vários bilhetes pela casa, siga o que eles dizem, tá bem? - Olhei para seu rosto, e sua expressão me lembrou o trágico dia, de anos atrás. Aquilo me trouxe um gosto amargo na boca. - Mãe, não se preocupe. Só se lembre que eu amo você. Mais do que todo mundo. - No exato momento, um pacificador apareceu na porta dando sinal para que minha mãe se retirasse. - Ad..
- Não diga isso minha filha! Eu vou te ver novamente! Eu vou! Você tem um coração de ouro, vai ganhar! - Ela ia em direção a porta, e deu uma olhada em mim pela última vez. - Eu te amo minha filha.
- Por favor, não assista os Jogos! - Gritei, mas não sei se ela me escutou.
A porta se fechou e me sentei com tudo no chão. Voltei a chorar, desta vez um choro alto. Pouco me importava se eu tinha que ter uma cara boa para a Capital quando saísse dessa sala, pouco me importava se isso me fazia fraca, eu precisava chorar. Afinal, guardei minhas mágoas durante muito tempo. O passado, meus sentimentos e tudo mais precisava escorrer pelo meu rosto e evaporar. Queria muito acreditar que eu iria ganhar. Mas eu tinha certeza de que iria fazer parte das estatísticas do meu distrito. Iria morrer. E nada, nem ninguém poderia me livrar dessa. | |
| | | Lucio Pharrel
Mensagens : 11 Data de inscrição : 26/11/2014 Localização : Distrito 12 Jogador : Jessie
| Assunto: Re: A Colheita no Distrito 12 Dom Jan 11, 2015 10:38 pm | |
| Lucio Pharrel - Primeiro as damas! A estranha representante da Capital diz, e remexe os papéis no globo. Pega um e, depois de uns segundos, ela solta o nome da tributo feminina.
- Luna Lewis!
A garota estava a alguns metros de distância de minha mãe, então consegui vê-la se encaminhar ao palco. Aparentemente, ela estava aterrorizada, mas percebi uma certa postura quando ela se moveu. Certa beleza no medo. Com passos firmes. Uma forte oponente. Quando ela alcançou o palco, a representante sorriu para ela, como se aquilo fosse um sinal de reconforto, e se virou para o globo dos garotos. Prendi minha respiração. Ela mexeu nos papéis, pegou um deles e se atrapalhando um pouco para abri-lo... o aperto do meu pai já estava impossível de aguentar... a tensão se espalhava pelos nossos corpos... e a mulher diz:
- Lucio Pharrel!
Solto a respiração e parece que os meus pulmões ardem em brasa. Papai afrouxou o aperto do meu braço e se virou para mim, pálido. Engoli em seco e desviei o olhar. Obriguei-me a não olhar para as meninas, pois eu já sabia a reação delas, principalmente a de Charlotte. Apenas me encaminho para o palco, com o olhar no vazio. Enquanto eu ando, sinto meu corpo tremer, da cabeça aos pés. Tento não pensar muito, mas acaba me vindo à cabeça os pensamentos de hoje cedo. E de como eu me sentia diferente em relação aos anos anteriores. Como se eu já soubesse que a sorte havia me enganado. Senti minha vida escorrer pelo meu punho fechado, entre as frestas de meus dedos. Lenta e dolorosamente. Sinto meu coração acelerado, e forte, como se retumbassem tambores no meu peito. Eu nunca tive o controle da minha vida. E só percebo agora. E poderia ter aproveitado melhor. Poderia ter feito coisas diferentes, nem que isso significasse chicotadas em praça pública. Mas nada disso mais importa. Afinal, cheguei ao meu destino. Subi os degraus do palco, e a representante da Capital sorriu para mim, o mesmo sorriso direcionado à Luna Lewis, mas ignorei, pois a vontade de ver as minhas mulheres me inundou, e eu as busquei com os olhos, mas não consegui encontrá-las. Entrei em pânico imediatamente. Meu pai estava no mesmo lugar que eu o havia deixado, com a mesma expressão pasma e pálida. -Se cumprimentem e bons Jogos Vorazes – Diz a representante numa voz esganiçada, me assustando. Virei-me para Luna Lewis e nós apertamos as mãos, sem olhar de verdade um para o outro.
Finalmente a primeira parte do show de horrores havia terminado.
Eu e Luna Lewis somos levados porta adentro do Edifício da Justiça e fomos guiados por pacificadores até o início de dois corredores. Fui levado para um deles. No final do corredor, uma porta estava aberta, um pequeno cômodo me esperava. Entrei e a porta foi fechada atrás de mim. A única coisa que iluminava o cômodo era uma pequena janela que dava para a parte de trás do edifício. Apenas os arredores do D12 era o que se dava para ver. Além das cercas elétricas. A liberdade. - Lucio? – Ouço a voz da minha mãe. Saio do meu devaneio no mesmo instante e me viro, correndo para os seus braços. E sem me envergonhar, me debulho em lágrimas. Percebo que Lillian e meu pai estão logo atrás, então abraço cada um deles, realmente sentindo ser a última vez que os veria. - Filho – Diz meu pai – Nunca ordenei que você fizesse nada. Nunca te pedi para ser forte. Mas te peço agora, te ORDENO que fique vivo e que seja forte, por todos nós. Por sermos a sua família, e por estarmos assistindo. Ordeno que volte para nós quando tudo isso acabar. Entendido? - Sim, pai. – Consigo dizer. – Eu amo vocês, quero que se lembrem disso. – Ouvi passos no corredor vindo em direção à porta e me afobei. Dei vários abraços nos três. – Lillian, mãe, imploro que me perdoem por qualquer ato que eu praticar naquela arena. Mas será tudo pensando em vocês. Todos vocês! A porta se abre e Lillian solta um grito. Pacificadores entram e empurram a minha família para fora. Mesmo a porta se fechando atrás deles, consigo ouvir o choro de minha mãe tentando acalmar a minha irmã, que continua a gritar até que sua voz some. Por uns segundos é tudo silêncio. Então a porta se abre novamente. Charlotte entra. - Lucio, seja forte, muito forte, não desista, eu sei que você consegue – ela diz em meio a lágrimas, e me abraça forte. – Eu não vou te abandonar, vou pedir a todos os deuses que eu conheço para te fortalecer lá dentro... - Charlie – Interrompo-a – Não existe deuses, não existe sorte. Serei eu. Apenas eu. E não quero que chore – Afasto-a delicadamente, segurando seu rosto em minhas mãos – Viva normalmente, conheça pessoas novas. Não pare a sua vida como muitas pessoas farão. Seja feliz por você. Vou tentar voltar. Cuide da Lillian por mim, okay? A porta se abre novamente, mas eu consigo dar mais um breve abraço em Charlie e roubo um beijo rápido, provavelmente o ultimo. A empurram para fora e fecham a porta com um leve estalido. Estou só. Agora, sou só eu.
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