26º Edição Anual dos Jogos Vorazes
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 A Colheita no Distrito 11

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Wallace McQueen
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MensagemAssunto: A Colheita no Distrito 11   A Colheita no Distrito 11 Icon_minitimeQui Set 25, 2014 6:34 pm



A Colheita no Distrito 11


A Colheita no Distrito 11 Tumblr_mdk03wi5Vu1rj65vfo1_500

A Colheita então tem seu início. Depois de inscritos, todos os jovens entre 12 e 18 anos se dirigem para seus lugares. Todos os garotos e as garotas do distrito estavam ali. Todos separados por idade. Muitos deles estavam nervosos, alguns até choravam.

Os vitoriosos do distrito estavam sentados ao lado do Prefeito. Aloe Anderson e Gabriel Kavan.

Depois do discurso do Prefeito, uma representante da Capital chega para dar início ao sorteio. Ela veste roupas estranhas e tem seus cabelos tingidos de uma cor muito artificial. O filme trazido direto da Capital começa a rodar, e quando o mesmo termina, a mulher histérica e de aparência artificial começa seu show.

- Chegou a hora de selecionar os nobres e corajosos tributos que terão a honra de representar o Distrito 11!



Tributo do Distrito 11!


Você deve postar nesse tópico, narrando quando chegou, assistiu ao filme e viu tudo acontecer. Mas atenção! Você irá narrar apenas a sua entrada, o tributo será selecionado por mim, então não deve mencionar que se voluntariou ou foi selecionado, narre apenas que você está presente no local. O que sente.





Última edição por Wallace McQueen em Sáb Jan 10, 2015 4:46 pm, editado 1 vez(es)
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Tess Niels

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MensagemAssunto: Re: A Colheita no Distrito 11   A Colheita no Distrito 11 Icon_minitimeSex Jan 09, 2015 4:15 am


Tess Niels

  A luz do sol atravessa as brancas cortinas de meu quarto. Estou deitada em minha cama, apenas com as pernas para fora dela. Cubro meus olhos com o antebraço. Há quanto tempo estou aqui? Alguns minutos? Horas?
 Resolvo levantar. As molas rangem devido à movimentação. Sento na ponta da cama e olho ao redor. Levanto, e vou em direção à janela. Meus olhos se detêm no portão da casa. Depois da conversa com a Sra.Lourensi, alguns dias atrás, decidi que começaria a tentar mudar as coisas.
 Tentaria entrar no quarto de minha mãe. Isso quando aquele louco não estivesse em casa. Mas, como se lesse meus pensamentos, a adorável criatura ficou em casa a semana inteira. Eu entraria lá e... Bem, não tenho um plano inteiro formado. Parece loucura, eu sei. Mas quero pelo menos encontrar minha mãe, ver como ela está. E depois... Talvez se ela estiver mais forte, nós possamos fugir. O quarto não tem janelas mas a cozinha é bem próxima e...
 Algo avançando pelo canto da janela, chama minha atenção. É ele. O portão se abre, e ele sai, fechando-o atrás de si. Ele está fora. Ele. Está. Fora.
  Permito-me saborear essa sensação, mas logo escancaro a porta do quarto e saio em disparada escada a baixo. Pulo os últimos degraus de uma só vez, e disparo em direção à porta no final do corredor, que dá para um quarto, o qual suponho não ter janelas. O quarto de minha mãe.
 Estou quase chegando quando um pensamento cruza minha mente e estaco. Está trancada. É por isso que não consigo entrar. Trancada. A maldita porta sempre está trancada. Esqueci desse “pequeno” detalhe. Droga, droga, droga.

Como você é burra, Tess, me repreendo.

 Passo as mãos pelos cabelos. Como raios vou conseguir abrir aquela porta? Olho ao redor, tentando achar algo que seja útil. O escritório está aberto. Talvez lá tenha algo.
 Ando apressadamente em sua direção. Quando entro, me sinto atordoada por um momento. Uma infinidade de livros se estende pelo cômodo, acomodados em imensas estantes.

Aquele idiota não deve ter lido nem metade disso, penso.

 Entro mais afundo do recito, e me dirijo a uma grande escrivaninha, localizada no centro da sala. Começo vasculhando por cima, mexendo nas coisas e as recolocando no exato local que estavam antes. Como não acho nada, parto em direção as gavetas. Vasculho a primeira e depois outras duas. Nada. Bufo de frustração. Abro a última, e talvez por ser exatamente algo que procuro, ou pela tensão do momento, acabo rindo. Um martelo está depositado na diagonal.
 Por que ele teria um martelo em uma das gavetas de sua escrivaninha? Um frio percorre minha espinha, e afasto o pensamento. O pego, e fecho a gaveta rapidamente. Apresso o passo em direção ao quarto.
 Quando chego lá, paro em frente à porta. Me preparo para acertar a região da fechadura, mas hesito, deixando o martelo encostar na maçaneta, e encosto a testa contra a porta. Respiro fundo, tentando me acalmar. Não vou voltar atrás agora. Ele irá ver o estrago, mas na melhor das hipóteses já estaremos longe. E se isso não acontecer... bem, estou pronta para arcar com as consequências.
 Ainda estou absorta em pensamentos quando cambaleio para frente. Rapidamente me recomponho e olho para baixo. A porta está aberta. O peso do martelo sobre a maçaneta deve ter a aberto. Franzo o cenho. Mas... não estava trancada. Por que?
 Meu coração bate freneticamente. Empurro a porta para frente, que se move com estalos. Mais um corredor escuro se estende à frente, que acaba em uma parede, onde uma escada em espiral está encostada. Dou passos hesitantes para dentro.

-O que temos aqui...? - um frio percorre toda a minha espinha. Ele voltou. Me viro para olhá-lo. Ao perceber o martelo em minhas mãos, ele ri debochadamente. - O que pensa que fará? - diz ele se aproximando.

-Exijo ver minha mãe. - minha voz soa áspera, e com um ódio que eu nunca havia exprimido. Não verbalmente. Ele continua se aproximando. Pelo seu olhar eu sei o que virá a seguir. Mas hoje, eu não vou deixar isso acontecer. Ele me rodeia.

-Exige é? - diz ele por trás de mim. - Pois eu tenho uma ideia particularmente... Muito melhor... - ele roça em meu cabelo. Subitamente me viro e desfiro um tapa em seu rosto.

-Não toque em mim! - grito. Exprimindo todo o ódio de todos esses meses. - Onde está a minha mãe? - grito, enfurecida. Ele rapidamente se recompõe, e solta sua mão em um tapa no meu rosto, me fazendo cair no chão e bater a cabeça. Sua expressão está tomada pelo ódio.

-O que diabos, pensa que está fazendo?! - ele se agacha e me segura pelos cabelos. Gemo de dor. - Acha que pode fazer alguma coisa, hã? - diz ele aproximando meu rosto do seu. - Minha menininha resolveu criar coragem? - ele agora me segura pelo queixo. - Ah... saiba que seu pequeno ato de coragem não é o suficiente para se livrar de mim. - Ele sorri. Cuspo em seu rosto. - Vadia! - grita, se afastando abruptamente. Ele me pega pelo pescoço e me levanta até a altura de seu rosto, olhando para mim em vários ângulos, como se estivesse me avaliando. - Não ache que esse seu showzinho vai ser esquecido. - Ele fala calmamente se aproximando de meu ouvido. - Estou com sua mãe. Da próxima vez, lembre-se disso.

-Não... encoste... um... dedo... - digo com falta de ar.

-É, eu já sei. - Ele me joga para o lado, fora do corredor, me fazendo cair violentamente no chão de madeira. Fecha a porta atrás de si e entra calmamente no escritório. Coloco meus olhos em meu antebraço e só então percebo que estava chorando.

Eu matarei você. Eu juro por tudo que é mais sagrado. Eu acharei um jeito de matar você, Adam Tournage. E então, nos deixarei livre.


Última edição por Tess Niels em Sex Jan 09, 2015 4:35 am, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: A Colheita no Distrito 11   A Colheita no Distrito 11 Icon_minitimeSex Jan 09, 2015 4:32 am


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  Puxo duas mechas de meu cabelo para trás, deixando-as meio soltas, e prendendo com uma piranha que era da minha mãe. Vai ser minha primeira Colheita sem ela.
  Já faz mais de um ano. Mais de um ano que não a vejo. Mais de um ano que vivo nesse pesadelo. Aquele monstro continua a me atormentar. E não posso fazer nada, ou ele pode machucar minha mãe.
  Logo depois do dia em que tentei entrar no quarto de minha mãe escutei os gritos, ecoando durante a noite. Com certeza eram dela. Passei aquela noite em claro, chorando descontroladamente, apenas desejando que aquilo parasse.

“Você deu um passo em falso”, disse ele no dia seguinte. E não fiz mais nada desde então.

  Ele vem com mais frequência, e meus pesadelos estão cada vez piores. Mas hoje, isso mudará. Todo esse tempo me tornou mais forte de um certo jeito. Desde aquele dia, venho bolando um plano. Acabarei com todo esse sofrimento. Matarei o monstro de meus sonhos. E nenhum dia melhor do que hoje. O dia em que ele senta com todos os mais ricos deste distrito e faz apostas, se divertindo as custas desse entretenimento doentio, gozando da vida. O dia da Colheita.
 Olho-me no espelho novamente. A série de pequenos hematomas foi coberta cuidadosamente por maquiagem, mas isso não melhorou meus olhos abatidos e sem brilho. Me pergunto como a menina abatida refletida ali, algum dia foi feliz. Aquele tempo parece distante e quase inalcançável.
  Estou pronta, então resolvo descer. Dou uma última olhada no quarto. Tudo mudará depois de hoje. Fecho a porta. Encontro Sra.Lourensi no final da escada, me esperando.

-Está linda senhorita! - ela diz, ajeitando meus cabelos.

-Não que isso importe em um dia como esse, Sra. Lourensi. - digo me afastando gentilmente. - E ele? - pergunto, nervosa.

-Saiu para estar ao lado do prefeito na Colheita. - ela responde.

-Certo. - respiro fundo. - Então...vou indo. - digo tensa. Ela me abraça, e retribuo meio sem jeito. - Até mais Sra. Lourensi. - digo abrindo a porta e saindo.

-Até mais querida. Boa sorte! - ela grita no final.

E que a sorte esteja sempre ao meu favor, ironizo, fechando a porta.

                                                      ***      

  Todos andam em uma multidão silenciosa. Apenas o som dos sapatos contra as pequenas pedras no chão. Vou para a fila das meninas e observo inquieta as pessoas ao redor. Depois de dar a amostra de sangue caminho sem rumo em meio à multidão. Não tinha percebido o quão nervosa estava até chegar aqui. Esbarro em uma menina, e só então percebo que estava indo no sentido contrário à multidão de garotas.
  A mulher da Capital começa a tagarelar, animada, como se ser selecionado para lutar em uma arena até a morte fosse a coisa mais maravilhosa do mundo. Mas tudo o que eu consigo pensar é como aquela gente da Capital era bizarra. A mulher devia usar tanto daquele spray para perucas que o cheiro pairava no ar.
  O tradicional filme passa, e corro os olhos pelo grupo ao lado. O dos garotos. Há um misto de emoções, mas a tensão no ar é óbvia. Meu olhos param sobre um rosto estranhamente familiar, mas deve ser só impressão.
 Então, chega a hora da seleção. Repentinamente, o medo começa a me invadir.

E se eu for escolhida?

 Minhas mãos começam a suar. Retorço a bainha do vestido freneticamente.

Se acalme, Tess, digo para mim mesma. Você é só uma em centenas, não há probabilidades, penso.

  Não posso ser escolhida. Não hoje, quando tudo acabará.


Última edição por Tess Niels em Sáb Jan 10, 2015 8:54 pm, editado 2 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: A Colheita no Distrito 11   A Colheita no Distrito 11 Icon_minitimeSex Jan 09, 2015 5:12 am


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Após alguns dias pelas sombras da cidade, procurando nunca ser visto e fazendo o que sou melhor em fazer para sobreviver, o dia da Colheita chegou.
Acordo em minha caixa de papelão onde dormia, em um beco perto do mercado negro do Distrito. Penso comigo mesmo como nossas vidas estavam limitadas, vivendo em cercas, regras e um jogo mortal que já durava anos, e mal se era feito algo contra a Capital... claro, o poder de contra ataque era forte e devastador, muitas famílias e "revolucionários" foram perdidos, o medo ainda reinava.
Juntei forças e me levantei da caixa, me limpei, o máximo possível para alguém disfarçado de vadio de rua. Peguei minha unica e fiel amiga no momento, uma faca tática comprada de modo ilícito, claro, "Essa é das antigas, corta como um laser, pesa como uma pena" era o que o vendedor me disse - Antes que o distrai-se e fosse embora com a faca (de graça, claro) -. Guardo-a em um bolso escondido do meu sobre-tudo, porem, algo me dizia para não andar com ela hoje. E assim o fiz. Cavei com as próprias mãos, abaixo da caixa, e deixa-a lá.
Pude ouvir muita movimentação ao sair da área do mercado negro, todos estavam sendo direcionados ao Patio Central. Logo um Pacifista agarra meu braço dizendo:
- Anda seu porco, se junte ao resto do chiqueiro.
Eu adoraria bater naquele cara, mas não era uma boa ideia, estar vivo poderia não me ser a coisa mais alegre, porem parecia melhor que morrer e não fazer mais nada... ou também, não descobrir a verdade sobre meus pais, ou até mesmo, cair em uma solidão infinita num vazio branco, ou negro, sei lá como deve ser o inferno pra onde irei. Enquanto pensava isso, empurrado, cheguei a meu pequeno quadrante a espera das apresentações, da porcaria do filme da capital e de algum apresentar com péssimos gostos para roupas apresentar o infeliz que iria cair no mar de desgraça chamado "Jogos Vorazes".
O filme começou, novamente, mais um ano, a mesma historia sobre como deveríamos ser cães obedientes e retirar o que o Capital precisa para viver de luxo... era complementa nojento e desumano ver aquilo e não se revoltar, porem a vontade de ficar vivo é sempre maior. Em meio a minha revolta, vejo não muito longe de mim, na área feminina, a garota estranha que esbarrei outro dia, sua feição, mesmo sendo vista quase de costas, era a mesma de terror de antes, porem conseguia sentir uma adrenalina correndo por ela a metros de distancia. Deve ser difícil para uma garota com tanto problemas psíquicos aparentes ter de ver aquilo, passar pela quase morte que é imaginar seu nome ser chamado por um esquisitão. Não era nem um pouco um dos meus desejos de vida, ser selecionado.
A apresentadora extravagante falou mais algumas coisas desinteressantes e então pronto, ela iria retirar dois nomes, dois malditos nomes. Rezei a qualquer coisa não existente pedindo para não ser chamado, acho que minha cota de desgraça na vida já tinha chegado ao limite...





Última edição por Chat'te Clever em Sex Jan 09, 2015 1:36 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: A Colheita no Distrito 11   A Colheita no Distrito 11 Icon_minitimeSex Jan 09, 2015 6:17 am



O SORTEIO

A Colheita no Distrito 11 Tumblr_mi8jnqsXBd1s5i8rio1_250

- Primeiro as damas!

A mulher então remexe os papeizinhos dentro do globo com seus dedos curtos, até que ela retira um deles de lá de dentro. Ela sorri para a platéia e faz um pequeno suspense antes de anunciar o nome do Tributo Feminino do Distrito 10 daquela Edição.

- Tess Niels.

Todas as garotas respiram aliviadas, menos uma. Os Pacificadores a acompanham até o palco. A estranha mulher então se dirige até o globo com os nomes dos garotos e retira um papel. Assim como os das meninas, ela faz um pequeno suspense, mas logo anuncia o nome do Tributo Masculino.

- Chat'te Clever.

Os Pacificadores o levam até o palco. Uma vez que seu nome foi chamado e ninguém tomou seu lugar, não há como voltar atrás.

- Se cumprimentem e bom Jogos Vorazes!

Então a Colheita se encerra.


Tributos do Distrito 11!
Descrevam qual foi o seu sentimento ao ouvir seu nome e o que sentiu no palco.


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MensagemAssunto: Re: A Colheita no Distrito 11   A Colheita no Distrito 11 Icon_minitimeDom Jan 11, 2015 4:22 am


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E então, a colorida carrasca da Capital tinha a voz, ela iria dizer primeiramente o nome da garota azarada. Refleti e pedi a qualquer força do acaso de não enviar nenhuma garota d'A Casa, cuidei de todos com tanto zelo, não me sentiria bem em perder qualquer criança que fosse, por isso, nunca deixei que comprassem qualquer item que fosse através do sistema de alimentação de nomes para o sorteio, sempre demos um jeito.
A mulher iniciou sua fala, e então o nome foi dito:
- Tess Niels.
Não me era um nome conhecido, tive o coração levemente aliviado, levemente, pois pouco depois, arrastada em direção ao palco a vi, a garota de poucos dias atras, a qual tentei ajudar, a qual vi em meio a multidão e percebi seu medo, agora, sua expressão não parecia ter mudado, apenas piorado. Me entristeci demasiadamente de vê-la naquele palco, "por que diabos uma garota, ou até mesmo, qualquer ser humano tem obrigatoriamente de passar por isso?", me questionei, e logo respondi a mim, "Pois os homens de poder temem a perca do controle, onde eles creem que exista a fonte de seu poder". Meus monólogos mentais eram ótimas distrações, mas a distração passou, a Representante começou a falar sobre o candidato masculino, o nome foi dito... meu coração parou. Eu podia ouvir gritos de ódio contra mim, contra meu feito que nem fiz, sobre um engano terrível e mortal.

"O que? Mas afinal, isso foi por voto ou realmente destino? Eu teria de pagar na área um pecado que nunca cometi? Não, não quero isso!". Eu sabia, mesmo sem me ver, que minha feição era a mesma de Tess, ou até pior, eu poderia estar caminhando em direção a uma morte terrível, e o pior, morrer sem saber das verdades da infância.

- Se cumprimentem e bom Jogos Vorazes! - Disse a Representante.
Olhei ao meu lado, eramos dois seres assustados ao meu ver. Estendi minha mão, por maior medo que sentisse da situação, apertei de forma confiante a mão de Tess, até mesmo como um modo de dizer "Lá, naquela redoma de morte, não me abandone, você será a unica coisa de um local que chamei de casa que poderei ter por perto".




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MensagemAssunto: Re: A Colheita no Distrito 11   A Colheita no Distrito 11 Icon_minitimeDom Jan 11, 2015 3:47 pm



A DESPEDIDA

A Colheita no Distrito 11 Q9Oxvi6

Depois de se cumprimentarem, os tributos são levados para dentro do Edifício da Justiça.
Dentro do prédio, eles são separados e colocados em cômodos, onde esperam para se despedirem de seus familiares e conhecidos.



Tributos do Distrito 11!
Façam uma breve despedida com sua família e/ou amigos.



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MensagemAssunto: Re: A Colheita no Distrito 11   A Colheita no Distrito 11 Icon_minitimeDom Jan 11, 2015 9:55 pm


Tess Niels

-Damas primeiro! -diz a mulher bizarra, se aproximando do globo de vidro, num tom de empolgação destoante à situação.
 
 Bem, nos distritos mais ricos, onde as crianças sofrem uma lavagem cerebral desde pequenas, e treinam para participar desses Jogos, talvez essa animação toda até não pareça fora de lugar.                
 O silêncio é mortal. Meu coração bate acelerado. Apesar de o ar estar abafado devido a grande aglomeração de pessoas, uma leve brisa dança no ar, trazendo consigo o aroma das flores do campo, gozando de sua liberdade. Olho ao redor mais uma vez, irrequieta. Todos têm o olhar fixo aos movimentos do homem. Algumas pessoas choram ,algumas têm o cenho franzido, e outras têm a expressão indecifrável.
 
 Uma menina ao meu lado, de longos cabelos dourados e com a altura até meu ombro, chora silenciosamente. Deve ser sua primeira Colheita, suponho. Lembro de quando passei pela minha primeira Colheita, e sei como é terrível quando não se têm ninguém por perto. Mesmo que eu mesma esteja nervosa e  com medo, me aproximo dela. Ela parece não notar minha presença. Seco o suor de minhas mãos na saia o vestido, me abaixo um pouco e toco gentilmente seu ombro. Ela se assusta com o toque, e olha com os grandes olhos verdes e inchados para mim.          

 -Hey... -começo. Me aproximo um pouco, mas ela se afasta com um passo. - Está tudo bem, não vou te machucar. -digo levantando as mãos. Ela olha desconfiada para mim. - Qual é o seu nome?- pergunto, sorrindo da maneira mais amigável possível.

 -T-Tiny... -diz ela entre soluços.                                
 
 -Tiny? Nossa, que nome lindo! -digo, sorrindo. O comentário faz um pequeno sorriso se formar no canto direito de sua boca. - O meu é Tess. É sua primeira Colheita? - pergunto cautelosamente. Não quero fazer a garota chorar novamente. Ela assente, enquanto seca  algumas lágrimas em suas bochechas.

 Me aproximo novamente, mas dessa vez ela não se afasta. Olho para os lados e vejo que algumas pessoas me observam, até alguns garotos do grupo ao lado. Talvez pelo fato deles estarem olhando para mim, um frio percorre minha espinha.

 "Droga, não é hora para isso, Tess".

 A mulher no palco ainda está passando a mão entre os papéis. Olho novamente para Tiny, que agora parece estar mais calma.                            
 
 -Eu sei como é assustador tudo isso. E sei como é pior ainda quando se está sozinha no meio dessa gente. -ela olha atentamente para mim. -É normal se sentir com medo e nervosa. -digo afastando alguns cabelos de seu rosto. -Mas... somos dois nomes entre centenas de outros. -digo, tranquilizando-a, mas talvez eu também esteja tentando acalmar a mim mesma.                                

 -É, mas os dois tributos também eram dois nomes em meio de centenas. -ela diz, desanimada, com os olhos marejados.              

 O argumento dela me deixa sem resposta. Sorrio nervosamente, tentando achar algo para falar.
- Errr... Bem... isso é verdade, mas...- pigarreio. - Muitos tem seus nomes repetidos lá...Esses têm mais probabilidade. -digo. Ela franze o cenho, aparentemente confusa. - O que estou tentando dizer é... Eu, por exemplo: Faz cinco anos que participo. Já coloquei meu nome algumas vezes lá, e mesmo assim não fui escolhida...                          

 -Isso quer dizer que o seu nome não é apenas um em centenas. -diz ela, piscando seus grandes olhos.          

 -Am...Tecnicamente sim, mas...Você vai ficar bem. - digo por fim. Sua expressão suaviza.                                

 -Promete? -ela pisca seus ingênuos olhos verdes para mim.                          

 -Prometo. -digo, com um sorriso que posso jurar que parece mais uma careta.                                  

 -Obrigada! -diz ela me dando um abraço, ao qual retribuo, surpresa. Ela se afasta.

 -Podemos sair depois da Colheita. -diz ela mais animada.                              

 -Essa é uma ótima ideia.-sorrio, e ela segura minha mão. Olho novamente para o palco. A mulher se dirige para o meio do palco lentamente. "Quanta cerimônia", penso. Ela começa a abrir o papelzinho.

"Certo...meu nome está repetido algumas vezes, mas continua sendo alguns em centenas. Não vou ser escolhida. É quase impossiv..."                        

-Tess Niels. -anuncia a mulher.                              

 E de repente, parece que todo ar é tirado de mim. Fico totalmente paralisada. Tiny aperta minha mão, e olha para mim horrorizada. "Era impossível", penso atordoada.                          

 -Tess Niels? -a mulher chama, desta vez impaciente, me fazendo olhar para o palco novamente. O pânico me invade. Solto a mão de Tiny, e começo a andar para fora da fila, quase em transe.

 "Fui escolhida."

 Passo entre as dezenas de cabeças me observando.

 "Era impossível...", repito atordoada.

 Chego aos pés da escada e subo os degraus, tropeçando no último e quase caindo no palco. Escuto algumas risadinhas. A mulher segura meu braço e me posiciona no palco, praticamente me arrastando. O som parece abafado, como se eu estivesse em baixo d'agua.

 "Por que? Por que hoje? Quando tudo finalmente ia acabar?".

Sinto um nó em se formando em minha garganta. Olho para o céu. Não vou chorar agora. As lágrimas teimam em cessar, mas não deixo que caiam. Sei quem está me observando. O que será de minha mãe? Perco o olhar no chão. Depois de algum tempo, não sei exatamente quanto, escuto a voz estridente da mulher novamente mas não compreendo o que ela diz. Sinto uma movimentação no palco, e olho para o lado, embora minha visão esteja um tanto embaçada.

 "Não chore", digo para mim mesma.

 Um garoto está ao meu lado. O tributo masculino.                          

 -Se cumprimentem, e bom Jogos Vorazes!-fala a mulher.                  

 Ele estende a mão. Hesito. Olho para o rapaz, que me parece familiar. Seu rosto de repente se torna obscuro. Uma risada ecoa em minha mente. Sinto minhas pernas tremerem. Pisco novamente e ele volta ao normal. O garoto levanta uma sobrancelha.
 Olho novamente para sua mão.

 "Vamos,Tess", digo para mim mesma.

Seco minhas mãos no vestido e aperto a mão garoto, mas rapidamente a solto. Viro para frente novamente, e olho para a multidão. Vejo Tiny, chorando descontroladamente. Eu quero parecer forte, mas não consigo. Olho para o fundo e o vejo. Ele conversa com um homem ao lado, mas tem os olhos fixos em mim. Um brilho passa por eles. O medo rapidamente dá lugar à raiva. Cerro os punhos, e olho diretamente para ele, como se ele pudesse ouvir meus pensamentos.

"Isso ainda não acabou. Eu vou voltar. E juro, que quando isso acontecer, você vai desejar ter morrido hoje".
                                                                   
                                                          ***

 O cômodo está silencioso. Não lembro ao certo de como, e por onde cheguei aqui. Tudo está um emaranhado de emoções. Estou sentada na ponta de uma cadeira, tentando reorganizar meus pensamentos. Isso tudo é surreal. Parece que tudo é mais um pesadelo, e que em alguns instantes irei acordar em meu quarto, assustada. Mas eu sei que dessa vez não será assim. Escuto alguns murmúrios atrás da porta. A porta se abre. Sra. Lourensi entra rapidamente no quarto,com o rosto e os olhos inchados.                            
 
 -Ah, querida!- ela diz vindo em minha direção, e me abraçando logo que levanto.                        

 -Sra. Lourensi... -digo fracamente, me permitindo chorar. Meu choro silencioso aumenta, me fazendo soluçar violentamente.    

-Está bem. Está tudo bem, querida. - ela passa as mãos em meus cabelos.                              
 
 -M-Minha mãe...você - não consigo formar nada completo. Tudo está simplesmente ruindo agora.                      

 -Shhhh... .Está tudo bem. Vamos ficar bem, querida. -ela diz com uma voz materna.            

 A porta abre.                      

 -Seu tempo acabou. -diz o Pacificador.                      

 -Estou indo. -diz Sra.Lourensi. Ela pega meu rosto com as duas mãos. -Meu bem, lá dentro, lembre-se: Seu altruísmo, querida, é o que a faz corajosa. - ela beija o topo de minha cabeça e vai.
 Quero protestar, dizer para ela não ir, mas tudo que emito é um fraco gemido. Depois que a porta fecha, desabo na cadeira.
 Escuto um burburinho lá fora. Ouço uma voz familiar, e levanto de súbito. O gosto de bile invade minha boca. A porta se abre.                      
   
-Ora, ora... Veja só onde minha menininha chegou... -diz ele maliciosamente, fechando a porta e vindo em minha direção. Cerro os punhos. Eu queria poder acabar com isso agora, mas não tenho nada em mãos, e os Pacificadores estão na porta. Ele vai atrás de mim.                          
 -Sabe, na hora eu fiquei um tanto... despontado... -ele desliza os dedos por meu braço. Me retraio. Posso jurar que isso gerou um sorriso em sua boca. -Por você ter sido escolhida. Assim eu não teria com quem me divertir. Mas ai eu lembrei... -ele roça em meus cabelos. -Que você não era a única naquela casa.

 O comentário me faz arquejar. Mas não ouso fazer um único movimento. Isso pioraria tudo.                      

 -Onde está a sua coragem agora? -ele pergunta, se deliciando com a situação. Ele desce as mãos por meus quadris.

 A porta abre, e ele se afasta.                        

 -Seu tempo acabou. -o Pacificador diz.                  

 Ele sai de trás de mim, e para ao meu lado.              

 -Espero que sua mãe goste do quarto novo. -diz ele em meu ouvido. Aquilo me atinge como um soco.                              
 -O que?!- exclamo apavorada. Me viro rapidamente para ele. A raiva me invadindo. -Como ousa seu...              

 -Não dê um passo em falso. -alerta ele calmamente. Ele se afasta, me deixando em total pavor.

 Quando a porta se fecha, caio de joelhos, com um baque surdo. As lágrimas descem, e não tento reprimi-las.                
 -Mãe... Me perdoe. -sussurro fracamente. -Você tem uma filha fraca... -as lágrimas invadem minha boca. -E inútil... -soluço. -E agora você irá sofrer por minha causa... Me desculpe. -sussurro para o nada. A dor é insuportável.

"Mas eu prometo... Prometo que vou voltar".

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