A Colheita no Distrito 10

Acorda na manhã da colheita assustado, alguém está gritando, vou para a janela do meu quarto e descubro que é Wanessa Motta, a irmã caçula do meu melhor amigo, Eden Motta. É a primeira vez que o nome dela vai para a colheita. Tomo um banho bem tomado, já que esse pode ser meu último banho no meu distrito. Me visto com um calça jeans, percatas de couro e uma camisa básica de manga curta. Desço e vou para a mesa afim de tomar café da manhã, meu irmão já está sentado, este é seu primeiro ano na colheita. Minha família não é rica, mas com eu, minha mãe e meu pai trabalhando, podemos ter comidas realmente boas. Me sento e me sirvo de um waffes, ovos mechidos, bolacha, pães de queijo e um copo do suco da fruta mais saborosa que existe, o cajá.

Como rapidamente assim como meu irmão e nos dirigimos para frente do edifício da justiça, onde tudo vai acontecer. Nos separamos e tenho a sorte de ficar ao lado de Eden, conversamos e depois de cinco minutos nossos pais chegam. Como de costume a representante da capital fala algo e o filme começa.

Toda vez é o mesmo filme por isso eu e Eden ficamos jogando pedra, papel e tesoura, até que um pacificador chega e nos manda parar, por sorte é Courtois, o mais legal deles.

Rapidamente o filme acaba, a representante da capital diz que vai começar a colheita, e eu tenho a impressão que nessa manhã tomei último copo de suco de cajá feito pela monha mãe.

 

A representante da capital se aproxima do globo de papéis que contém o nome das meninas, ela puxa um papel e faz um pequeno suspense, e depois fala:

- Mona Jenkins.

        Uma garota de cabelos castanhos se aproxima, nunca a tinha visto, mas se tinha nunca tinha a notado. Ela sobe no palco e fica ao lado da representante da capital. Rapidamente, a representante vai até o globo onde estão os papéis com os nomes dos rapazes e puxa um, faz um pequeno suspense e fala:

- Luka Rogers.

       Meu chão cede.
       Não me lembro de quem sou e preciso que Eden me de um beliscão para me despertar, saio da formação, olho para o público e encontro com o olhar da minha mãe, percebo que ele está cheio de lágrimas, então me decido voltar, decido vencer. Ponho um sorriso no rosto, no meu melhor estilo galã de novela, já sabendo que tudo aquilo está sendo filmado.
       Subo ao palco, e me ponho ao lado contrário ao de Mona, ao lado da representante.
       A representante fala:
     
 - Se cumprimentem e bom Jogos Vorazes!

      Viro para Mona, aperto sua mão, e por impulso lhe dou um beijo na mão e solto um sorriso de conquistador, me coloco de frente para o público e aceno.


 

Alguns pacificadores chegam perto de mim e me levam para dentro do edifício da justiça, me levam para um aposento reservado, está na hora das minhas despedidas.

A primeira a chegar são meus pais e meu irmão, meu pai fica olhando para janela, enquanto minha mãe e meu irmão me abraçam, ela começa a chorar, digo que vai ficar tudo bem, mas não adianta, ela sabe que não vai ficar tudo bem.
Dou um longo abraço no meu irmão, de repente meu pai se aproxima, e pedi para falar a sós comigo.
Quando minha mãe sai ele põe uma cadeira na minha frente, olho para baixo e meu pai começa a falar:

- Você vai vencer isso, entendeu?
-Mas pai não tem... - gagueijo

Ele da um leve tapa no meu rosto e fala:

- Você vai vencer essa merda, se você não vencer eu prometo ir até o inferno, e te mato.

Super gentil o meu pai, como sempre, penso.
Olho para ele e vejo que seus olhos estão cheios de lágrimas. Nos abraçamos, e ele fala:

- Está na sua hora de conquistar o mundo.

Ele se despede e quando chega na porta fala:

-O Eden não vai poder vir, ele mandou lhe entregar isto - Diz ele jogando um pequeno nas minhas mãos.
Abro, e vejo que são alguns cajás, sorrio. E no meio deles um colar com pingente de uma águia, nosso animal favorito. Esfrego o pingente em minhas mãos e me lembro da frase que ele me falou o que parece ser, séculos:

- Quando tudo estiver perdido, lembre-se das águias, renove suas forças.

- Obrigado pai.

Ele fecha a porta e se vai.